É de senso comum pensar que as principais diferenças entre mulheres e homens são de fundo genotípico e fenotípico. Contudo, como uma das missões deste Blog é levantar a bandeira da contestação e induzir desta forma a reflexão filosófica, propugno que a diferenciação entre os sexos se dá mais dramaticamente ao nível sócio-cultural, do que em qualquer outra instância.
Tradicionalmente as culturas tratam de maneira desigual os sexos, e apesar de hoje dezenas de gêneros sexuais lutarem pelo reconhecimento, as sociedades os reduzem implacavelmente a tão somente dois estereótipos de Homem e Mulher.
A prova de que, não obstante a modernidade, quase tudo continua como dantes no quartel de Abrantes é que os mesmos qualificativos, quando aplicados a homens e mulheres adquirem significados completamente diferentes e às vezes, até mesmo antagônicos.
Clique em Leia Mais para ver esses Diferenças.
Mulher peituda X Homem peitudo.
Adjetivar uma mulher de peituda claramente é uma referência às suas glândulas mamárias avantajadas, enquanto qualificar um homem de peitudo é um reconhecimento à sua coragem.
Mulher vagabunda X Homem vagabundo.
Quando o adjetivo “vagabunda” é aplicado a uma mulher sugere uma conotação pejorativa, pois se refere à sua suposta promiscuidade sexual, enquanto um vagabundo significa um homem que manifesta pouca inclinação ao trabalho.
Mulher da vida X Homem da vida.
Chamar uma mulher da “vida” é sinônimo de prostituta, quenga, enquanto um “Homem da vida” é simplesmente um ser do sexo masculino com muita experiência na vida.
Mulher atrasada X Homem atrasado.
Quando aplicado à mulher, o qualificativo “atraso” é uma censura à tendência natural que elas têm de chegar depois da hora aos compromissos. Nos homens a coisa muda de figura, pois esse adjetivo mormente deprecia capacidades mentais reduzidas, tendo pouco a ver com postergação.
Mulher galinha X Homem galinha.
Aqui se encontra uma diferença crucial de diferenciação sócio-cultural: o termo "galinha" é tradicionalmente empregado às mulheres altamente desfrutáveis sexualmente, sendo portanto uma pejoração que confere à elas um baixo prestígio social, aos homens a mesma metáfora enaltece a sua condição de garanhões, o que potencializa a sua aceitação na comunidade.
Mulher boa X Homem bom.
Qualificar uma mulher de “boa” é sinal de enaltecimento à excelência dos seus dotes femininos, enquanto chamar um homem de “bom” exalta suas ótimas virtudes.
Mulher perfeita X Homem perfeito.
Perfeição na mulher qualifica normalmente curvas, seios, bunda, cabelos, pele aveludada, em suma, um corpo de parar o trânsito, enquanto o homem perfeito é aquele que tem condições de dar à mulher casa, cama e cartão de crédito.
Mulher meiga X Homem meigo.
Enquanto uma mulher meiga é tudo de bom, cativante, o mesmo não se pode dizer do homem “meigo”, pois normalmente o termo é empregado como depreciativo da sua masculinidade, ou seja, ele está sendo chamado de emo, bicha, gay, baitola, afeminado, boiola, peroba, biroba, veado, chibungo, queima-rosca, etc.
Moral das diferenças sexuais: elas provém majortariamente de convenções sociais que julgam usando dois pesos e duas medidas.
Ao contrário dos animais, cuja diferenciação sexual se dá segundo leis estritamente biológicas, entre os humanos estas são suplantadas pela força dos estereótipos, dos costumes e das tradições. Então, o que salta à primeira vista é a verdadeira camisa de força coercitiva que pesa sobre as mulheres, decididamente julgadas com pesos e medidas diferentes àqueles aplicados aos homens.
Para um homem ser execrado publicamente é necessário que cometa crimes insanos e na área sexual, por muito poucas coisas ele será repudiado radicalmente. Assim, a antiga luta a favor da igualdade sexual continuará esbarrando no muro dos rituais sacramentados, que condena a priori os mínimos deslizes femininos e inocenta até os mais bárbaros cometimentos masculinos. Um exemplo inequívoco e presente é o da Pedofilia, um crime tolerado por muitas culturas e perpetrado principalmente por homens, que normalmente recebem o beneplácito da absolvição.
Moral da História.
Qual teria sido o destino da professora baiana Jaqueline Carvalho que rebolou sob os acordes ousados da música "Todo Enfiado" se ela fosse homem? Um homem no seu lugar não teria sido demitido.
Glossário:
Estereótipo - são imagens esquemáticas desenvolvidas no seio da sociedade sobre grupos de pessoas, raças e etnias. É partindo de estereótipos que se formam vários tipos de preconceitos e discriminações.
Fenótipo - é o conjunto de caracteres sexuais secundários, tais como pelos, mamas, curvas, órgãos genitais, etc.
Genótipo - é a diferença mais fundamental existente entre homens e mulheres, encontrável ao nível genético – homens têm um cromossomo X e um Y, e a mulher tem dois cromossomos X.
Metáfora - é uma comparação entre coisas diferentes em que há uma transposição das qualidades de uma coisa à outra. Exemplo: quando se chama uma mulher de gata, faz-se uma transposição das qualidades sensuais felinas para a fêmea humana.
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